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Com investimentos em obras, setor da construção civil deve ficar aquecido em 2023

Com investimentos em obras, setor da construção civil deve ficar aquecido em 2023

Representantes da classe dizem que a “esperança” é que o governo do Estado invista em obras e projetos de infraestrutura, como reformas, construções e asfaltamentos

O desempenho do setor da construção civil, tradicionalmente em baixa no período de chuva em Belém, deve ficar mais aquecido no início do ano que vem, com o novo mandato da gestão estadual. Isso porque há a previsão de novos investimentos na área de infraestrutura e, com isso, o segmento de construção civil e de material de construção espera lucrar a partir de março.

A reportagem entrou em contato com o governo do Estado para saber quais as obras previstas para 2023 no Pará, mas não obteve retorno. Em entrevista exclusiva realizada em novembro com o titular da Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad), Ivaldo Ledo, no entanto, o governo afirmou que quase metade do orçamento separado para investimentos no ano que vem será direcionada para a área de infraestrutura: R$ 1,4 bilhão de R$ 3,2 bilhões.

Quem faz as projeções para o setor da construção civil a partir disso é o presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Estado do Pará (Acomac-PA), Herivelto Bastos. Ele diz que a “esperança” do setor é que o governo do Estado invista em obras e projetos de infraestrutura, como reformas, construções e asfaltamentos, o que deve impulsionar as vendas em lojas de material de construção. A publicação “Perspectivas do Comércio de Materiais de Construção para o Estado do Pará“, apresentada pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA) durante a feira Pará Negócios 2022, corrobora o argumento.

O próprio presidente da Fecomércio-PA, Sebastião Campos, que reuniu e apresentou as informações da pesquisa, concorda com a expectativa. “Realmente, no mês de janeiro, há um desaquecimento. Em relação especificamente às lojas de material de construção, as vendas de material no início do ano apresentam recuo, refletindo uma desaceleração das reformas domésticas, porque os consumidores direcionam os gastos para outros compromissos. Sobre os empreendimentos, também é observado algum recuo em período eleitoral, com desaceleração das obras públicas. Passada essa fase, é esperada a retomada das infraestruturas e, com os investimentos do setor privado, espera-se contrabalancear com o recuo das reformas domésticas e, assim, o setor reagir positivamente”, adianta o representante da classe.

Condicionantes

A pesquisa da Fecomércio-PA identificou condições e possíveis cenários que podem impulsionar o segmento, embora não necessariamente todos sejam no ano que vem. Entre as perspectivas e oportunidades apontadas para 2023 estão o crédito imobiliário, que deve seguir em alta mesmo com aumento dos juros básicos, a Selic. “Em 2022, observou-se que os bancos aumentaram as carteiras de crédito imobiliário, além de alguns lançamentos de imóveis populares com crediário ou financiamento próprio, o que indica cenário provável que contribui para impulsionar as vendas do setor de material de construção“, destaca o presidente da entidade.

Outro fator citado por Sebastião é a carência de infraestrutura, o que abre espaço para a construção de grandes obras em todas as regiões; e um número maior de famílias do que de moradias disponíveis. “Historicamente, o Pará ainda enfrenta o desafio de muitas famílias não possuem casa própria, uma equação desequilibrada de mais famílias e menos imóveis disponíveis. Logo, temos uma demanda reprimida, que, à medida que houver expansão nas condições de habitação, haverá mais possibilidades para o setor”, declara.

Além disso, 2023 será o último ano dos Programas Plurianuais (PPA) de 2020-2023 – com isso, o setor de construção civil espera conclusões de algumas obras públicas previstas no PPA, sobretudo daquelas em que os recursos são vinculados. Caso isso ocorra, Sebastião acredita que repercutirá positivamente no setor.

“A expectativa para 2023 é positiva, mas desde que alguns desses cenários se concretizem e, assim, impulsionem o setor. Entretanto, ainda é cedo para projetarmos com mais firmeza as perspectivas, dado que ainda existem muitas condicionantes a serem conhecidas que influenciam nas possibilidades de melhorias para o setor, como a política econômica, tributária e fiscal a ser adotada pela gestão pública federal, além do nível de investimentos públicos estadual e federal e outros que influenciam o ambiente de negócios futuro, fora os custos operacionais e inflação, que impactam o setor”, analisa o presidente.

Quanto às ameaças detectadas pela Fecomércio-PA, as principais são a dependência da política macroeconômica a ser estabelecida; perda do poder de compra das famílias; desemprego; turbulências políticas; alta dívida pública e estouro do teto de gastos; e a não realização das obras previstas no PPA e no Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRA). Essas condicionantes, segundo Sebastião Campos, podem influenciar negativamente o setor de material de construção em 2023.

Mas, no Pará, a expectativa não deixa de ser otimista, porque, mesmo que a política macroeconômica limite o desempenho do setor, ainda assim será positivo, diz o representante da Fecomércio-PA. Afinal, ele lembra que o Estado tem ampliado investimentos e realizado obras que contribuem para o aumento da demanda, e há lançamentos e pulverizações de empreendimentos privados, com aumento na oferta de crédito para financiamento de imóveis e casas.

Setor

O presidente da Acomac-PA, Herivelto Bastos, afirma que, no Brasil, são poucos os Estados que têm um programa voltado para o fomento de material de construção. “O Cheque Moradia é o que mais interessa, porque ele cria demanda diretamente dentro das lojas, enquanto outras obras do governo são mais indiretas. Por exemplo, quando o governo, por meio da Cohab [Companhia de Habitação do Estado do Pará], faz habitação, nós temos demandas, só que é mais lento e não é a curto prazo. Já o cheque-moradia vai direto para as lojas. A criação e melhoria de estradas também são coisas boas porque surgem novas habitações no entorno e as pessoas começam a comprar material. A construção civil nos traz retorno muito grande”, comenta.

Já o presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Alex Carvalho, destaca o desempenho positivo do segmento nos últimos anos. Mesmo durante a pandemia, afirma, este foi um dos poucos setores que demonstraram resultados positivos, com incremento de empregos e geração de renda, mesmo com adversidades, como a alta do preço dos materiais de construção, o que impacta diretamente na capacidade de investimentos de ordem pública ou privada. “À medida em que enfrentamos restrições, seja em orçamentos públicos ou na incapacidade de pagamento de nossos clientes, isso cria freios ao potencial que o setor da construção tem”, declara.

Ao mesmo tempo, o representante da classe saúda o governo do Estado do Pará, que, em sua avaliação, tem sido um dos pontos positivos no que tange a oportunizar investimentos, porque tem investido “fortemente” na infraestrutura, em pontes, estradas, escolas, hospitais e habitação, e isso, segundo Alex, tem sido “um elemento indutor de atração de novos investimentos privados”.

“Temos grandes projetos em expansão no segmento de mineração, agroindústria e também no setor portuário e de logística. Com isso, nós temos, sim, um ambiente favorável dentro do nosso Estado. O que nós lamentamos profundamente é a alta de preços dos insumos, os materiais de construção, principalmente, têm inibido nosso potencial gerador de empregos com continuidade, velocidade e força que poderíamos ter”, argumenta o presidente do Sinduscon-PA.

Outro fator que ele destaca como problemático é o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em vez de criar medidas de maior estímulo ao setor e otimizar o potencial, a mudança “afugenta os investidores” e traz mais dificuldade ao potencial gerador de empregos e de renda. Segundo ele, isso impacta diretamente a construção civil, tendo em vista a grande quantidade de insumos que o setor compra para aplicar nas obras.

“Ao pagar o diferencial de alíquota, nós temos o incremento de um imposto, e isso, para quem já está enfrentando uma alta significativa e muito expressiva em alguns dos principais insumos de materiais de construção, é mais um obstáculo”. Apesar disso, Alex diz que entende que a medida é necessária para o equilíbrio das contas públicas do Estado. Mas a única saída, de acordo com o presidente do Sinduscon-PA, é repassar as altas aos clientes.

Fonte: https://www.oliberal.com/economia/com-investimentos-em-obras-setor-da-construcao-civil-deve-ficar-aquecido-em-2023-1.625201