Conjuntura e perspectivas para o comércio matcons e construção 2024
Mensalmente, desde 2015, na primeira segunda-feira pós-divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), entregamos e debatemos com nossos clientes a Sinopse Executiva Panorama Setorial, paper ricamente ilustrado com gráficos.
Nesse período de quase dez anos, entre tentativas, erros e ajustes, depuramos fontes, elaborações e interpretações sobre os efeitos da macroeconomia no segmento, até atingirmos um nível limite de acurácia: lucidez, relativamente ao tempo presente; humildade, relativamente ao tempo futuro.
Vamos a um resumo em texto corrido, sem números e gráficos e, para que não sejamos acusados de criar mais uma, entre tantas narrativas (interpretações baseadas em vieses), liberaremos a Sinopse Executiva Panorama Setorial completa (além de outros gráficos).
O PIB Brasil surpreenderá positivamente pelo quarto ano consecutivo, e provavelmente seguirá surpreendendo em 2024. O mesmo não se pode afirmar sobre o PIB Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são investimentos em ativos fixos destinados ao uso das unidades produtivas, fundamentalmente, máquinas, equipamentos e construções, em significativa queda, devolvendo parte dos crescimentos de 2021/2022.
Essa perda de produtividade no ano vigente impacta negativamente o PIB Construção, também em queda, além dos desempenhos do comércio e construtoras.
Relativamente às construtoras, até setembro houve expressivo decréscimo nos lançamentos de unidades residenciais novas, que será minimizado até o encerramento do ano, devido aos ajustes no Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e sazonalidade setorial (aumento de lançamentos no quarto trimestre), contribuindo para o início da reposição dos estoques baixos, após um ano com vendas muito acima dos lançamentos.
Sim, pois as vendas de unidades residenciais novas estão significativamente melhores, e deverão melhorar ainda mais, com esses ajustes e continuidade do ciclo de redução da taxa básica de juros e gradativo barateamento do crédito.
Já o comércio de materiais de construção desacelerou, em pouso suave após o boom de vendas e antecipação de demanda, principalmente, entre o segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2022.
Essa desaceleração, também devido ao encarecimento do crédito ao consumo e elevação da população endividada e inadimplente, trouxe a reaproximação dos faturamentos nominal (com desinflação ou deflação de produtos) e real, eliminando distorções causadas nos resultados dos negócios pela inflação.
Agora o jogo está sério, com foco na gestão e margens – inclusive de erro –, diante de desempenhos mais modestos, com muita gente que achava que estava bem ficando pelo meio do caminho.
O fato de as vendas alternarem meses bons, com meses ruins, é um comportamento volátil e típico de mercados em acomodação (vendas e preços), assim como já havia ocorrido no pós-recuperação da crise de 2015/2016.
Mesmo assim, entre todos os setores econômicos, Construção é o mais otimista em relação à economia e próprias finanças, embalado, justamente, pelas perspectivas do PMCMV e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); e Comércio, o setor mais pessimista, ainda impactado pela desaceleração de 2023.
Por fim, é provável que o crescimento econômico de 2024 seja menor do que o crescimento de 2023, porém mais espalhado por diversos setores e menos concentrado no agronegócio, o que poderá aumentar a percepção de bem-estar e confiança dos consumidores, induzindo-os às compras.
A conjuntura interna é favorável, graças aos efeitos menos contracionistas da contínua redução da taxa básica de juros no comércio, em um ambiente de inflação controlada, redução do contingente de consumidores inadimplentes, com mercado de trabalho moderadamente positivo e com ganhos reais de renda.
Acrescentamos, não no paper, mas aqui: os riscos de descontrole fiscal das contas públicas, descumprimento ou alterações – para pior – do arcabouço fiscal, reintroduções da contabilidade criativa e crédito subsidiado por bancos públicos poderão reverter, paulatinamente, as condições favoráveis para a economia e Construção.
Fonte: https://fundacaodedados.com.br/2023/11/01/vendas-das-lojas-de-materiais-de-construcao-supera-magazines-e-formatos-similares/