Construção civil da RMC gera um emprego a cada uma hora e meia
Nos oito primeiros meses do ano o setor obteve um saldo positivo de 3.782 empregos na região, o segundo melhor desempenho no Estado de São Paulo
A construção civil criou um novo emprego com carteira registrada a cada uma hora e meia nos primeiros oito meses deste ano na Região Metropolitana de Campinas, a segunda com melhor desempenho no Estado de São Paulo dentro do setor. Entre janeiro e agosto, foram gerados 3.782 novos postos de trabalho nas 20 cidades que formam a RMC, com participação de 6,65% no total estadual de 56.873 vagas. O resultado aparece em um estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
O resultado é reflexo do bom momento da construção civil, como mostra um indicador do segmento. No primeiro semestre deste ano, foram lançadas 3.793 unidades habitacionais na região, crescimento de 31,93% em relação as 2.875 de igual período de 2022, de acordo com a pesquisa Mercado Imobiliário do Interior de São Paulo, RM e Baixada Santista feita pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais do Estado de São Paulo (SecoviSP). Os dados são de cinco cidades da RMC que fizeram parte do levantamento, Campinas, Hortolândia, Indaiatuba, Sumaré e Valinhos.
“Só temos boas notícias no atual cenário de combate ao histórico déficit habitacional brasileiro, estimado na inaceitável casa de 7 milhões de moradias”, disse o presidente da entidade, Rodrigo Luna. Para ele, a tendência é que o setor se mantenha aquecido em médio prazo.
O empresário cita dois programas habitacionais como medidas que beneficiam o setor, a nova fase do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), lançado pelo governo federal, e o Casa Paulista, desenvolvido pelo governo do Estado. “Abre-se imensa oportunidade de não apenas combater a carência de moradias, como também de ofertar grande volume de empregos diretos e indiretos, gerar impostos e fomentar o crescimento econômico”, comemorou o presidente do Secovi-SP.
OUTROS EMPREENDIMENTOS
O primeiro faz parte do novo Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) lançado em agosto, quando foram anunciadas 613 unidades do MCMV para a Grande Campinas, enquanto o pacote estadual prevê R$ 13 mil de desconto para 1.524 unidades em Campinas, Hortolândia, Itatiba, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Santa Bárbara d’Oeste, Sumaré e Valinhos. O benefício é destinado para famílias com renda total de até R$ 2,4 mil, o equivalente a 1,82 salário-mínimo.
Para o diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Márcio Benvenutti, os primeiros resultados do Minha Casa, Minha Vida devem ocorrer no início do segundo semestre de 2024. “Com certeza, vai melhorar a construção”, projetou, mas sem arriscar uma estimativa de crescimento.
“O reflexo na indústria da construção civil não é pontual. Esse é o tempo necessários para a construtora comprar o terreno, limpar, fazer o projeto, aprovar a planta, fazer a incorporação e iniciar as obras”, explicou. O programa inclui aumento no subsídio, redução da taxa de juros e alta no valor máximo do imóvel para até R$ 350 mil.
Uma empresa tem oito empreendimentos atualmente em construção em Campinas. Dos oito, cinco são voltados para esse programa. São prédios com apartamentos de 34 a 44 metros quadrados de área construída, com um ou dois dormitórios, sendo uma suíte. Os edifícios, localizados em bairros com Jardim Yeda, Vila Industrial e Jardim Paraíso Viracopos, contam com playground, piscinas adulto e infantil, churrasqueira, bicicletário e outros equipamentos.
Na RMC, a construtora atua ainda em outras duas cidades, Americana e Hortolândia, onde tem mais quatro empreendimentos em andamento. Com o novo teto de valor de venda, “até mesmo imóveis de categoria premium agora podem ser contemplados pelo programa, ampliando as opções disponíveis para os beneficiários. Essa mudança busca oferecer mais flexibilidade de escolha, proporcionando oportunidades para adquirir imóveis de diferentes padrões dentro do âmbito do Minha Casa, Minha Vida”, afirmou o diretor-executivo Comercial da construtora, Thiago Ely.
Além dos empreendimentos mais populares, há ainda novos projetos de construtoras voltados para as classes média, média alta e alta que aquecem o setor. Uma construtora, que acaba de lançar um novo condomínio residencial em Campinas, espera atingir a comercialização de 400 unidades este ano na cidade, seu principal mercado. Os imóveis somam R$ 550 milhões de Valor Geral de Vendas (VGV), o equivalente a 55% do total previsto pela empresa.
O desempenho positivo da RMC também atrai novos empreendedores. Uma construtora de Ribeirão Preto anunciou que em breve lançará seus primeiros edifícios residenciais na região metropolitana. O primeiro será em Indaiatuba, e a empresa já tem um projeto programado para Campinas.
Com 23 anos de existência, ela tem cerca de 40 empreendimentos em 29 cidades brasileiras. Além de Ribeirão, a empresa atua em Franca (SP), Uberlândia (MG), Volta Redonda (RJ), Anápolis (GO), Campo Grande (MS) e outros municípios. “Eu acho que agora nós estamos no momento certo de crescer, voar”, avaliou Fernando Junqueira, conselheiro de Administração da empresa. Os novos investimentos são o que geram empregos. Após um ano e meio desempregado, Wanderson Silva de Araújo comemorou o registro em carteira conseguido em uma obra no bairro Nova Campinas. “Eu procurei a construção civil porque está mais fácil para conseguir uma vaga”, disse o ajudante geral. Para ele, a nova colocação representa um salário melhor e a garantia dos direitos trabalhistas, como férias, 13º salário e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Na construção, ninguém fica parado. É muito difícil ficar desempregado”, relatou o almoxarife Cirineo da Silva, que há oito anos está na área. Trabalhar em obra foi o primeiro emprego que conseguiu ao completar 18 anos. Desde então, ele não deixou mais o setor. “Hoje, ele está aquecido, mas não é somente em Campinas. Eu acho que é em todo o Estado”, opinou.
MAIS NÚMEROS
Na Região Metropolitana de Campinas, o resultado positivo de 3.782 empregos criados pela construção civil de janeiro a agosto é o resultado das 32.267 contratações ocorridas menos as 28.485 demissões, de acordo com o estudo da Seade. O setor foi o terceiro a mais gerar emprego na região, atrás apenas de serviços (20.710) e indústria (4.614) e à frente de comércio (1.722) e agropecuária (253).
O saldo de 814 vagas geradas em agosto foi o segundo mês seguido de alta do setor, após os números de demissões superar o de contratações no segundo trimestre – de abril a junho. O levantamento da Seade mostrou que a construção civil teve resultado positivo em todas as regiões metropolitanas de janeiro a agosto. As 56.873 vagas criadas são o saldo das 436.060 contratações e substração das 379.187 demissões. Foi o terceiro setor a mais gerar novos empregos no Estado, também atrás de serviços (215.493) e indústria (58.616) e à frente da agropecuária (28.515) e do comércio (27.016).
Fontes: https://correio.rac.com.br/campinasermc/construc-o-civil-da-rmc-gera-um-emprego-a-cada-uma-hora-e-meia-1.1436550