Cidade ganhou 250 mil microapartamentos entre 2014 e 2020 em bairros como Jardins e Vila Mariana
Os apartamentos compactos estão ganhando cada vez mais espaço em São Paulo. Entre 2014 e 2020, a cidade ganhou 250 mil novos apartamentos pequenos, de acordo com dados apresentados pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Ainda segundo a publicação, existiu uma explosão de studios e apartamentos com até 45 m² que não foram terminados, principalmente depois de 2019.
Sobretudo, as regiões mais procuradas no mercado de microapartamentos são bairros como Jardins, Pinheiros e Vila Mariana. E, essencialmente, estes imóveis se destinam a jovens solteiros que saem da casa de seus pais e buscam morar nas proximidades de onde trabalham/estudam, ou casais sem filhos que buscam pela praticidade de um lar compacto devido à correria do dia a dia. “Pode ser também um atrativo a quem busca uma moradia temporária, ou alguém de outra cidade ou estado que visita frequentemente determinada região e deseja ter um espaço para sua maior comodidade”, definem Talitha Cassettari e Joe Filho, arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.
De acordo com Talitha e Filho, os imóveis pequenos são uma ótima solução para morar em bairros valorizados por um menor custo de vida se comparado a um imóvel “padrão”. “Com a mudança gradual no estilo de vida das pessoas, o mercado imobiliário deve acompanhar tais necessidades. Em sua maioria, este cenário de empreendimentos de classe média e média alta no conceito `compacto` oferece muita praticidade em sua infraestrutura aliada ao custo-benefício que estas regiões oferecem quanto à mobilidade urbana e qualidade de vida”, apontam Talitha e Filho.
Outra vantagem destes imóveis é que o valor de IPTU tende a diminuir pela metragem quadrada reduzida. “Ainda os moradores contam com o benefício de possuir diversos serviços de conveniência e lazer dentro do próprio condomínio, a facilidade de ir e vir devido a estações de metrô próximas, e a redução com despesas e gastos com manutenção. E, apesar de pequenos, com um bom projeto arquitetônico e o olhar de um profissional capacitado, é possível valorizar cada cantinho e trazer a sensação de lar junto à identidade de cada morador”, pontuam Talitha e Filho.
Nova lei de Zoneamento
O aumento desses microapartamentos também foi impulsionado por um decreto de 2016, ligado à Lei de Zoneamento. Nesse sentido, ele possibilitou classificá-las como ‘não residenciais’, isto é, podem funcionar como serviço de hospedagem ou moradia.
Além disso, em 2015, o Plano Diretor de São Paulo determinou que prédios mais altos só poderiam passar a ser construídos próximos às estações de metrô ou terminais de ônibus, o que gerou um aumento considerável nos preços dos terrenos nestas regiões abastecidas por transporte público. “Com isto, consequentemente o custo para construção também aumentou, e para distribuir melhor este impacto foi usado como uma das principais estratégias a redução de metragem de plantas para aumentar a quantidade de unidades vendidas”, destacam Talitha e Filho.
Consequências para a cidade
Na opinião de Talitha e Filho, ao mesmo tempo em que, com o aumento da densidade populacional, algumas regiões e bairros precisarão se reestruturar em questão de mobilidade, trânsito e segurança, também se valorizam pelo novo modelo de movimentação econômica e ressignificação de espaços que anteriormente não tinham seu potencial explorado positivamente para acompanhar o avanço dos estilos de moradia e evolução da cidade como um todo.
Entrevistados
Talitha Cassettari e Joe Filho são arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/cresce-numero-de-pequenos-apartamentos-em-areas-nobres-de-sao-paulo/