Em 2023, a utilização das lojas de bairro cresce, enquanto home centers decresce
A continuidade da desaceleração das vendas de materiais de construção, impõe um olhar sobre o comportamento de consumidores e canais, até mesmo, na impossibilidade de alterar a conjuntura macro, minimizá-la ou revertê-la dentro de cada negócio, ou seja, em nível micro.
Assim, este artigo prossegue na jornada de compra dos consumidores de materiais de construção, quando realizando obras/reformas residenciais, cujo artigo anterior O que buscam os consumidores nas pesquisas de materiais de construção para obras residenciais? aprofundou a importância e papeis desempenhados pelos principais meios para pesquisas e informações no pré-obra.
Chegamos agora ao momento da obra em si, perguntando: “Agora vamos falar do local de compra dos materiais para sua obra. Quais os tipos de lojas utilizadas para comprar os materiais de construção para sua obra/reforma (somente utilização do tipo de loja, pode marcar independentemente do valor gasto, volume e número de itens comprados, podendo ser apenas uma só compra)?”
Considerando os três últimos anos do Painel Comportamental de Consumo de Materiais de Construção (detalhes de método e amostras no gráfico abaixo), os quatro canais de compra mais utilizados, na média desses anos, são: Lojas de bairro (próxima da obra, pequenas, médias e multicategorias de produtos), com 57,8%; Lojas especializadas em tintas, com 47,5%; Home centers/Lojas Grandes, com 40,3% e site/e-commerce (compra via internet), com 31,8%.
As Lojas de bairro voltaram a crescer na pesquisa mais recente, passando de 51% para 62,3%, em um período que cobre compras realizadas, predominantemente, nos dez primeiros meses de 2023, ano em que, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), houve decréscimo em faturamento real do comércio de materiais de construção de 1,8%, com crescimento nominal (com inflação do período comparativo) de 0,2%
As Lojas de tintas, segundo tipo de canal mais utilizado, vêm decrescendo nos últimos três anos, após atingir o pico de 49,6%, em 2021. Já os Home centers/Lojas grandes decresceram significativamente na passagem da pesquisa de 2022 para 2023, passando de 42,5% para 34,9%.
Por fim, a utilização de sites/e-commerces também está decrescendo para compras de materiais de construção, a exemplo das Lojas de tintas, após o pico de 33,2% em 2021.
O fato de a utilização dos Home centers/Lojas grandes ter decrescido e das Lojas de bairro crescido, pode indicar que as obras/reformas diminuíram de tamanho, hipótese reforçada pelo decréscimo do faturamento real do comércio de materiais de construção em 2023.
Assim, não necessariamente o aumento de utilização das Lojas de bairro significa aumento de faturamento na mesma proporção, devido à redução do ticket médio. Por outro lado, não necessariamente a redução de utilização dos Home centers/Lojas grandes significa redução de faturamento na mesma proporção, devido a diversidade de itens para o lar oferecidos.
Por fim, tanto as Lojas de tintas, como os sites/e-commerces, que explodiram durante a crise sanitária, embora tenham decrescido, seguem em patamares bastante significativos, defendendo os ganhos, em termos de utilização, conquistados nos anos anteriores.