Construção civil precisa acompanhar essa evolução, impulsionada por algoritmos e inteligência artificial
A importância da informação para o setor da construção civil foi tema de um dos seminários do 93º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção), que pelo 2º ano consecutivo foi realizado virtualmente. Os debatedores reforçaram que o universo dos algoritmos e da inteligência artificial será o propulsor da economia do século 21, como explica Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor-geral do SENAI.
“Se o petróleo e o aço foram os principais fatores de desenvolvimento econômico no século 20, a informação é a base do século 21. O melhor exemplo é o Google. A empresa nasceu numa garagem, mas tinha dois componentes importantes para seu sucesso: um algoritmo de busca de informação e um bom modelo de negócio, que é ganhar dinheiro com o clique no mouse. No caso da construção civil, que engloba várias cadeias produtivas, ela vai precisar se integrar a esse novo mundo para gerar novas formas de negócios e de sistemas de construção”, afirma.
Outro participante do debate, o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, avalia que a chegada do 5G no Brasil tende a desencadear esse processo de mudança dentro da construção civil. Ele reforça ainda que os SindusCons terão papel estratégico para a formação de uma base de dados que alimente as construtoras.
“A chegada do 5G vai permitir levar às construtoras de pequeno e médio porte as estratégias que as megaconstrutoras já utilizam, por terem construído suas próprias bases de dados. Os SindusCons, como catalisadores de informações, podem contribuir muito nesse processo de construir estratégias para as empresas, a partir das informações de que eles dispõem”, diz.
Fluxo de informações está pulverizado nos canteiros de obras
Renato Ferreira Machado Michel, presidente do SindusCon-MG, entende que o fluxo de informações na construção civil é mais difícil de obter, pois as plantas dessa indústria são os canteiros de obras. “Diferentemente de outros setores industriais, em que as plantas têm endereço fixo, no nosso segmento cada canteiro de obras é uma planta industrial, e eles são centenas ou até milhares em cada cidade. Nossa indústria é itinerante, pois termina uma obra ela muda de endereço. Assim, a coleta de informações é mais complicada”, explica.
Por isso, reforça Fábio Tadeu Araújo, a pesquisa é tão importante para o setor. “Hoje existem dois tipos de pesquisas que atendem a construção civil. Uma é a pesquisa de produto, que quase a totalidade do mercado imobiliário faz. Ela é de curto prazo. É quase como consultar a previsão do tempo. O que o setor precisa se acostumar a fazer são as pesquisas exploratórias, e que trazem resultados de longo prazo. Pois essas buscam entender as tendências que vão influenciar o mercado ao longo de uma década, por exemplo”, completa.
Rafael Menin, diretor-presidente da MRV Engenharia, serviu como case para o debate, explicando como a empresa conseguiu se tornar a maior construtora do Brasil. “A informação foi fundamental para nosso crescimento. Atuamos em mais de 100 cidades do país, e tivemos que entender como o mercado de cada um desses municípios se comporta para ajustarmos nossos produtos. Há peculiaridades em cada um deles, mas pontos em comum também. Um deles é que o cliente virou usuário, ou seja, ele hoje não busca apenas um apartamento ou uma casa. Ele quer uma solução de moradia para os vários anos em que vai ocupar aquele imóvel. Isso a MRV foi entender realizando muita pesquisa e coletando e armazenando informações”, revela.
Entrevistado
Reportagem com base no seminário “Importância da informação na construção”, realizado no 1º dia do 93º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção)
Contato
[email protected]
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/informacao-e-a-base-do-desenvolvimento-do-seculo-21/