ABRAMAT já vislumbra números menos dramáticos para 2020, enquanto ANAMACO comemora auxílio emergencial
A previsão da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) antes da chegada da Covid-19 no Brasil, era que o setor cresceria 4% em 2020. Veio a pandemia e as projeções despencaram. Chegou-se a prever queda de 7%, mas os números passaram a melhorar a partir de julho e agora a associação já estima uma queda menor no período de 12 meses. Calcula-se retração de 2,8%, porém o percentual pode ser revisado.
Se o segmento de materiais de construção mantiver o viés de alta em outubro, novembro e dezembro, a ABRAMAT acredita que 2020 possa fechar com 0% de crescimento ou até um crescimento residual. “Nosso otimismo é moderado e cauteloso”, diz o presidente da ABRAMAT, Rodrigo Navarro, que demonstra confiança de que o setor sairá mais forte do pós-pandemia e, consequentemente, possa crescer de forma sustentável nos próximos anos.
Dois fatores contribuem para o otimismo que tanto a indústria quanto o varejo da construção experimentam nesse quarto trimestre de 2020. Um está relacionado à autorização para que as lojas do setor se mantivessem abertas desde o fim de março; outro é o auxílio emergencial de 600 reais concedido pelo governo federal. “Essas medidas favoreceram a demanda por materiais de construção”, avalia o superintendente da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) Waldir Abreu.
Sobre o impulso que o auxílio emergencial deu à construção civil, ele é confirmado pelo gerente de pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Cristiano Santos. “O auxílio emergencial aumentou a renda das famílias com menor renda. Associado aos juros mais baixos, o auxílio permitiu que elas buscassem crédito, principalmente para reformar suas moradias”, analisa. O impacto maior se deu na região nordeste do país.
Nos 9 estados nordestinos (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) desde a liberação do auxílio emergencial, o consumo de Cimento Portland aumentou 45%, em média. Até setembro, a transferência de recursos através do auxílio emergencial para o nordeste passou de 55 bilhões de reais. Pelos cálculos da Caixa Econômica Federal, R$ 1 real de cada R$ 3 reais liberados pelo programa vai para aquela região do país.
Além disso, o Nordeste detém 50% de todos os inscritos do programa Bolsa Família, que transfere mensalmente 23 bilhões aos contemplados pelo programa naquela região. Esse volume de recursos aqueceu fortemente o varejo da construção civil nos 9 estados, mas em especial no maior deles: a Bahia. Levantamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apura que em Salvador-BA 32% da população que vem recebendo as parcelas do auxílio emergencial já gastou, em média, R$ 900 reais com a compra de materiais de construção. “Famílias que planejavam pequenas obras viram no benefício a oportunidade de rebocar uma parede, substituir uma janela, trocar uma porta ou fazer um puxadinho na casa”, afirma o economista Gustavo Pessoti, diretor de indicadores e estatísticas da SEI.
Entrevistado
ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330