Pesquisa da Anamaco, juntamente com o FGV IBRE, revela que setor terá desempenho superior ao de 2020
Os dados mais recentes do Termômetro Anamaco mostram que o varejo do setor tende a encerrar 2021 com crescimento de 16%, na comparação com 2020. O levantamento é coordenado pelo instituto de pesquisa da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). “O varejo de materiais de construção vai fechar o ano com quase o triplo de crescimento dos demais varejos, que somados devem ficar em 5,5%”, diz o economista e consultor do FGV IBRE, Robson Gonçalves.
O analista ressalta que o segmento seguirá crescendo em 2022, mas em patamares mais modestos. “A expectativa é que no ano que vem tenhamos o crescimento do PIB em 1,5%, bem abaixo do 5,2% estimado em 2021. O varejo de materiais de construção acompanhará esse índice e também tende a crescer 1,5% em 2022”, avalia. Robson Gonçalves explica o porquê. “No contexto pós-pandemia, que é o que se espera que aconteça no ano que vem, a disputa pelo bolso do consumidor será maior. Haverá outros setores que virão sedentos para recuperar as perdas. Entre eles, o turismo. Após 2 anos de restrições a viagens, existe a tendência de que as pessoas busquem viajar mais a partir de 2022, reduzindo o foco na compra e na reforma de suas casas”, completa.
Para o economista do FGV IBRE, o varejo de materiais de construção praticamente não teve concorrência em 2020 e 2021. “As pessoas foram surpreendidas pela pandemia e obrigadas a mudar suas rotinas. A casa virou o centro das atenções, obrigando o consumidor a ir às compras. Fosse para adquirir um novo imóvel ou apenas para trocar a cor da tinta nas paredes. O dinheiro do consumidor não encontrou concorrência e foi realocado praticamente todo para o varejo da construção civil. A ponto de, por muitos meses, o volume de vendas do varejo ter sido maior que o volume de produção da indústria, o que causou aumento de preços e até desabastecimento em alguns segmentos”, cita Robson Gonçalves.
Anamaco propõe linha de crédito especial para lojistas de materiais de construção
O superintendente da Anamaco, Waldir de Abreu, afirma que o setor busca manter o aquecimento em 2022 através de negociação com a Caixa Econômica Federal para a abertura de uma linha de crédito especial para o varejo de materiais de construção. “Mostramos à diretoria da Caixa que a abertura de uma linha especial tiraria o lojista do setor do sufoco. Hoje, muitos estão sobrevivendo de recebíveis do cartão de crédito. O crescimento que vai se consolidar em 2021 é significativo, mas precisamos pensar em um crescimento sustentável ao longo dos anos. Caso contrário, continuaremos perdendo lojas. Em 5 anos, quase 5 mil CNPJs de lojistas de materiais de construção desapareceram. Mas continuamos grandes, com mais de 130 mil lojas em todo o país”, alerta o dirigente.
Em 2020, o varejo de materiais de construção cresceu 11% na comparação com 2019. O faturamento do setor no ano passado somou 150,55 bilhões de reais.
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “O comportamento das vendas no varejo de matcon”, promovido pela Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco)
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330