Vendas das lojas de materiais de construção superam magazines e formatos similares
Recentemente, em evento da PwC, a empresária Luiza Helena Trajano declarou que o Magazine Luiza está “apanhando muito da Bolsa” porque “sempre acreditou em loja física”.
Se for essa mesma a razão, talvez os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrem que essa surra não é justificável.
Apoiados na mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), quando comparamos o desempenho das lojas de materiais de construção com os magazines/eletromóveis, como Magalu, Ponto, Casas Bahia, Lojas Colombo, Novo Mundo e formatos similares, percebemos a notória diferença entre um segmento predominantemente físico, e outro, cujas vendas de móveis e eletrodomésticos pela internet é bastante expressiva.
Apenas em volume de vendas (faturamento real/nominal deflacionado), para evitar as distorções que a inflação causa nas análises, vamos investigar como as áreas de atividades comerciais do IBGE, Material de Construção e Móveis e Eletrodomésticos se portaram, relativamente ao pré-pandemia, e se portam no ano vigente.
No acumulado comparativo “mês anterior”, o faturamento Brasil de Material de Construção está 2,2% acima do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020). Já no ano vigente, está negativo em 0,9% (sobre dezembro de 2022).
Em outras palavras, o comércio de materiais de construção cresceu 2,2% acima das vendas com a elevada inflação de 2021 e boa parte de 2022, apresentando, assim, ganhos reais. Mesmo em um ano de desaceleração, como o atual, a queda é discreta.
Por outro lado, no acumulado comparativo “mês anterior”, o faturamento Brasil de Móveis e Eletrodomésticos (magazines/eletromóveis) está 16,6% abaixo do pré-pandemia (sobre fevereiro de 2020). Já no ano vigente, está negativo em 3,5% (sobre dezembro de 2022).
Em outras palavras, nesse tipo de canal, o comércio de móveis e eletrodomésticos encolheu 16,6%, ou seja, apresentou forte decréscimo real de vendas.
Importante frisar que, segundo informação do próprio gerente da PMC, Cristiano Roberto dos Santos, os dados nacionais da pesquisa dizem respeito às vendas físicas e digitais.
Assim, um segmento comercial minimamente dependente das vendas pela internet, apresenta um desempenho significativamente melhor, do que um segmento comercial mais dependente das vendas pela internet.
Certamente essa não é a única razão para isso, no entanto, traz uma importante reflexão sobre o que o segmento de materiais de construção pode aprender com a experiência de outros segmentos.
E que a Bolsa seja mais justa com a empresária.
Fonte: https://fundacaodedados.com.br/2023/11/01/vendas-das-lojas-de-materiais-de-construcao-supera-magazines-e-formatos-similares/