Vendas de cimento crescem 6,6% em julho e 3,3% em agosto.
“Minha Casa, Minha Vida” e autoconstrução são grandes responsáveis pelo aumento
As vendas da indústria de cimento mostraram recuperação em julho, após encerrar o semestre com um leve aumento. Foram comercializadas 5,9 milhões de toneladas, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Em agosto, as vendas continuaram em alta, totalizando 6,2 milhões de toneladas, um acréscimo de 3,3% comparado a agosto de 2023. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o setor registrou uma expansão, com 43 milhões de toneladas vendidas, um crescimento de 3,1% frente ao mesmo período do ano passado.
Dois principais indutores do consumo de cimento vêm apresentando bom desempenho no ano: lançamentos imobiliários (mais precisamente o “Minha Casa, Minha Vida”) e a autoconstrução.
“Os lançamentos imobiliários estão crescendo 5,7% no acumulado do primeiro semestre, e os lançamentos do MCMV estão crescendo 65,9% no mesmo período. Já com relação ao autoconstrutor, podemos medir seu desempenho por meio do mercado de trabalho, que está bem aquecido. A taxa de desemprego atingiu 6,8%, o menor patamar para julho da série histórica iniciada em 2012. Os salários também estão em expansão. A combinação de mais emprego e maior renda alçou a massa salarial para o recorde da série histórica iniciada em 2012, refletindo no consumo geral da população”, informa Flávio Guimarães, economista do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Perspectivas para 2024
De acordo com Guimarães, a projeção inicial do SNIC era de um crescimento de 2% em 2024. Entretanto, com os eventos climáticos no Sul, a última projeção foi reduzida para 1,5%. “Neste momento, estamos realizando uma nova rodada de atualização das projeções, mas ainda não temos um número. O que podemos analisar é que o MCMV veio com crescimento acima do esperado. A expectativa do governo era de lançar 2 milhões de unidades entre 2023 e 2026. Porém, até meados de 2024, já foram contratadas mais de 1,1 milhão de unidades, sendo 491 mil em 2023 e 620 mil em 2024”, explica o economista do SNIC.
Outro fator que impacta bastante as vendas de cimento é a quantidade de dias úteis. “Em 2024, teremos 2,5 dias úteis a mais do que em 2023, o que, por si só, já é um impulso para o setor”, afirma Guimarães.
Neste segundo semestre, há eleições municipais no país. Segundo o economista do SNIC, historicamente o consumo de cimento no segundo semestre é mais forte do que no primeiro. “É sabido, também, que os anos de eleições impulsionam as vendas de cimento”, comenta Guimarães.
Impactos do PAC e Minha Casa, Minha Vida
O economista do SNIC aponta que o PAC e o MCMV são grandes indutores da construção civil e, consequentemente, do consumo de cimento. “No entanto, em relação ao PAC, o programa não tomou a velocidade esperada e está muito aquém da necessidade de investimento do Brasil. Já o MCMV, após sua regulamentação em meados de 2023, ganhou fôlego e é um dos principais indutores do consumo de cimento em 2024. O programa é responsável por 53% de todos os lançamentos imobiliários no Brasil, bem acima dos 31% verificados no 2° trimestre de 2023”, pondera.
Impacto das questões climáticas nas vendas do cimento
Durante as enchentes no Sul, Guimarães lembra que as obras ficaram paralisadas. “Além disso, as estradas e acessos para o escoamento da produção de cimento ficaram comprometidos. Foi um período de queda na demanda por cimento. Entretanto, já percebemos uma retomada dessa demanda, com as vendas de cimento na região atingindo níveis anteriores ao evento climático”, afirma.
A preocupação para os próximos meses recai sobre a seca que afeta boa parte do território nacional, segundo o economista do SNIC. “Boa parte da produção vendida na região Norte é escoada por balsas em rios navegáveis. Porém, esses rios estão atingindo níveis muito baixos de água e se tornando inavegáveis, o que traz uma preocupação para a indústria. Outra preocupação que acompanha a estiagem é o aumento de custos. Por exemplo, o governo já anunciou a bandeira vermelha para a energia elétrica nos próximos meses”, destaca.
Venda de cimento por região
O relatório do SNIC de agosto mostrou que todas as regiões apresentaram evolução nas vendas. O Norte e o Nordeste brasileiros registraram o melhor desempenho. “Provavelmente impactadas pelo MCMV e pelo mercado de trabalho aquecido nessas regiões”, sugere Guimarães.
O Sul, que vinha registrando declínio até julho, voltou a crescer, atingindo níveis anteriores às inundações no Rio Grande do Sul. Já o Centro-Oeste continua com resultado positivo, assim como o Sudeste, que registra alta acumulada.
Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/vendas-de-cimento-crescem-66-em-julho-e-33-em-agosto/